quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Agência deve garantir participação adequada na regulamentação de medicamentos e produtos fitoterápicos

O Ministério Público Federal (MPF) encaminhou, nesta semana, recomendação à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que o órgão garanta participação adequada de comunidades e povos tradicionais na regulamentação sobre o registro de medicamentos e produtos fitoterápicos. O MPF entende que não estão sendo cumpridos os termos do art. 6º da Convenção nº 169/89 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). 

Ao longo de 2013, a Anvisa realizou três consultas públicas relacionadas a medicamentos e produtos tradicionais fitoterápicos – consultas 1434 e 35. O objetivo era colher sugestões  para subsidiar a elaboração de duas instruções normativas e de uma resolução sobre o tema, a serem editadas pela agência.

Para o MPF, no entanto, as consultas não atendem às especificidades culturais de povos e comunidades tradicionais presentes em diversas regiões do território brasileiro, tendo em vista que preveem participação exclusiva pela internet. Além disso, em resposta a ofício enviado recentemente pelo Ministério Público Federal, a Anvisa informou que as regulamentações do setor de vigilância sanitária excluem os povos e comunidades tradicionais como produtores e comercializadores de remédios caseiros produzidos a partir de conhecimentos tradicionais associados ao patrimônio genético. De acordo com palavras da própria agência, as consultas 13, 34 e 35 “não se aplicam a povos tradicionais, mas sim, a indústrias farmacêuticas”.

Com base nisso, o MPF também recomenda a suspensão do processo de consulta e elaboração da regulamentação sobre o registro dos medicamentos fitoterápicos e produtos tradicionais fitoterápicos, até que sejam realizadas consultas adequadas. E ainda que a Anvisa implemente “regulamentação que contemple as hipóteses em que povos e comunidades tradicionais realizem a produção e comercialização de remédios caseiros, segundo suas práticas tradicionais, de forma participativa e atendendo às especificidades culturais de cada povo ou comunidade, assegurando a proteção e promoção das várias formas de uso sustentável da biodiversidade, nos termos do artigo 8º, j, da Convenção sobre Diversidade Biológica, e artigo 2º, itens 3 e 6, da Convenção sobre a Proteção da Diversidade das Expressões Culturais”.

A recomendação foi assinada pelos procuradores da República que compõem o Grupo de Trabalho Conhecimentos Tradicionais, vinculado à 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, órgão setorial voltado para as temáticas de populações indígenas e conhecimentos tradicionais. A Anvisa tem prazo de 30 dias para cumprir os itens recomendados e para informar as medidas adotadas.
FONTE: Secretaria de Comunicação da Procuradoria Geral da República

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Primeiro Livro Vermelho da Flora do Brasil será lançado no Rio de Janeiro



Publicação científica reúne avaliações sobre o risco de extinção de espécies de plantas no país. Pesquisadores ligados ao Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), entidade vinculada à Diretoria de Pesquisa do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, elaboraram o "Livro Vermelho da Flora do Brasil". A publicação será lançada hoje, terça-feira (03/12), às 18h, Escola Nacional de Botânica Tropical, Solar da Imperatriz, no Rio de Janeiro.

O livro, organizado por Gustavo Matinelli e Miguel Ávila Moraes, revela que, do ponto de vista espacial, a maioria das espécies ameaçadas encontra-se nas regiões Sudeste e Sul. De um total de 4.617 espécies avaliadas, 2.118 (45,9%) foram classificadas como ameaçadas e enquadradas nas categorias Vulnerável (VU), em Perigo (EN) e Criticamente em Perigo (CR). As demais entraram nas categorias Menos Preocupante (LC), Deficiente de Dados (DD) e Quase Ameaçada (NT).

Para os cientistas, um dos grandes desafios que os países enfrentam, atualmente, é conhecer sua biodiversidade e avaliar o risco de extinção das espécies nativas de seus territórios, para planejar as ações de conservação. O Brasil concentra de 11% a 14% da diversidade de plantas do mundo, com quase 44 mil espécies catalogadas e milhares ainda desconhecidas pela ciência. No País estão localizadas duas das 34 áreas de grande diversidade de espécies com alto risco de extinção (hotspot), que são a Mata Atlântica e Cerrado.

O CNCFlora tem a missão de coordenar os esforços nacionais de conservação das plantas. A primeira fase desse trabalho avaliou, cientificamente, 4.617 espécies da flora brasileira já incluídas em listas oficiais de espécies ameaçadas. A meta é, até 2020, concluir a avaliação de risco de extinção de todas as espécies conhecidas de plantas brasileiras.